domingo, 25 de outubro de 2009

Um pulo em Viena

Estar em Budapeste é uma boa oportunidade para conhecer Viena, na Áustria, logo alí, há 3 horas de trem. A viagem é agradável e o destino ainda mais. Parte do antigo Império Austro-Húngaro, Viena é a capital nobre deste antigoo estado europeu que se inicia por volta de 1867 e termina com a Primeira Guerra Mundial. Praga, na atual República Checa também é uma grande opção, mas fica mais longe, à 7 horas de trem de Budapeste, 4 horas de Viena e, portanto, deixamos para uma outra ocasião.

De Budapeste selecionamos o transporte mais barato: trem. Voos? sim, mas são caros e, pela curta viagem e agradabilissima, mais vale pegar trem, e foi o que fizemos. Trem no Brasil infelizmente não se pode usufruir (a única vez que me aventurei em pegar um, levei 15 horas de Belo Horizonte a Vitória, ES, argh!. Nunca mais! Pior do que Cometa velho. Romantismo agora, só Maria Fumaça Campinas-Jaguariúna e o futuro Trem Bala).

Nosso hotel, o confortável Bristol Hotel, ficava a dois quarteirões da estação de trem, o que facilitou o translado, considerando que ainda retornaríamos a Budapeste para pegar o voo pro Brasil (milhagem não permite ir por um trecho e voltar por outro, antes que vocês perguntem: porque não voltaram pro Brasil via Viena?). Na estação compramos o bilhete numa agência de turismo verde do lado direito da entrada principal da estação Kéleti. Nos custou cerca de R$83 ida-volta por pessoa e inclui ainda direito a andar no transporte público gratuitamente em Wien! Reservamos o hotel via internet, e encaramos um Ibis da vida. Taxa barata, 60 euros por dia, quarto duplo, clean, ao lado da estação de trem Westbahnhof, na Avenida Mariahilferstrasse, coisa boa... Você sai da estação meio perdidão e logo avista uma plaquinha Ibis, e na esquina já o prédio do hotel. Ótimo para quem não tá afim de perder tempo e não se perder (foto tirada na frente de nosso Ibis. Mais uma igreja qualquer simplesmente linda e o tram).

O café da manhã era à parte, 10 euros. Eu e meu pai resolvemos jantar numa pensão que nos foi indicada pelo pessoal do Ibis, uma quadra dali. Bingo, uma delícia, sopa Goulash, e cerva austríaca, delicoso pão com cereais , queijo e salada. Caseiro e barato. Alí uma Senhora que atendia deu a dica, assim meio-por-tras-dos-panos que poderíamos tomar café da manhã numa pensão vizinha por 3 euros (simples) ou 5 euros, a versão completa, que tal? No dia seguinte lá vamos nós tomar o café quase clandestino, numa pensão-residência. Tudo muito gostoso, apesar do improviso.

Viena é uma belacapital. Repleta de edifícações antigas e suntuosas. Com apenas um final de semana para explorá-la, nossa dica foi dada pelo meu orientador que ficara em Budapeste, mas é fã e assíduo de Viena. "Não perca o parque Prater, da roda-gigante; o palácio Schonbrum; um passeio a pé pelo danúbio até a catedral, andando pelos calçadões [anchor clock, relógio antigo no centro em que bonequinhos desfilam no bater das 17hs, veja foto acima], passando pela casa de Mozart, as confeitarias, chegando na Ópera". e lá fomos nós, de mapa na mão para o castelo via tram (metro de superfície muito mais high-tech e novo que em Budapeste).

Muitos cafés, mais doces incríveis, cafés, espumantes. Vida de império digna de ser degustada.

Nosso primeiro destino foi o famoso palácio Schonbrum [foto à direita e abaixo], onde a princesa Sissi morou (casa de campo, digamos assim) [foto à esquerda mostra apartamento da Sissi localizado hoje no centro]. Demos uma boa volta pelos jardins, as roseiras centenárias, as aleias de arbustos, as estátuas, o chafariz, a entrada do Zoo (meu pai ficou frustrado por não ter podido ver o urso polar branco. Nos custaria 15 euros e teríamos apenas meia-hora. Fui rigorosa no schedule, confesso!), os apartamentos por fora..... Lugar bonito, mas não fiquei impressionada.

De lá seguimos para o centro histórico, catedral, parada pro café e doce, ópera, parada para compras (afinal em Budapeste não se tem ímpetos capitalistas), apartamento de Sissi, e uma olhada geral nos prédios e inúmeros museus (quarteirão inteiro de museus) que ali se concentram.

No centro conhecemos um lugar muito especial, oTrzesniewski, uma espécie de boteco centenário austríaco, com sanduíches típicos (pai, ajuda a lembrar o nome!) cujo recheio (patês) se escolhe na hora, ao custo de um euro cada, acompanhados de um pequeno chopp Pfiff (eu) ou espumante (Sr. Barata). Nada mal.

Na incrível confeitaria Gerstner, onde é possível comer doces belíssimos e incríveis. Vendem também o famoso macarron (um casadinho de suspiro leve e pouco doce com recheios variados). As fotos dizem por si mesmas.

Em Viena procurávamos, como boa parte dos turistas que lá estão, um concerto para assistirmos. Terra dos grandes compositores (Schumann, Liszt, Beethoven, Mozart, fora os que por lá passaram como Vivaldi), impossível até para os menos familiarizados com música clássica é um programa obrigatório! Mas deixo este capítulo para a próxima postagem. Mas neste primeiro dia, sábado, depois de muito bater perna, conseguimos um concerto muito especial.

No dia seguinte fomos ao Prater ver a famosa roda-gigante e quase não acreditei que o Prater é uma atração quase obrigatória na cidade. Mas sabia que por ter sido dica de orientador, precisa ser um algo mais! A roda gigante foi a primeira construída no mundo, com 65 metros de altura, foi construída em 1897 para comemorar os 50 anos de império de Franz Joseph I. Uma grande obra de engenharia que está de pé e funcionando até hoje. Mas dispensamos o passeio. Optamos por dar uma volta no parque de trenzinho. OK. Prater done! Viena é a cidade no mundo que mais tem parques públicos. Louvável.

Do Prater voltamos ao centro, afinal partiríamos no final do dia, as 17hs. Mais café, desta vez no tradicional Hotel Sacher, onde se come a famosa Sacher Tort, com selo de garantia em chocolate e tudo o mais. Chiquérrimos e tudo ao alcance de gente como a gente, onde almoçamos. Café antigo, como os de Budapeste, veludo vermelho, cristais, móveis de madeira antigos.

Por fim, um museu. Sáo tantas as opções que é preciso ser racional. Com uma hora e meia sobrando optamos pelo Leopold, onde poderíamos ver obras do Gustav Klimt e onde hoje está a exposição da obra do autor de "O grito", Edvard Munch. Um museu menor como o Leopold tem 5 andares repletos de obras austríacas de art nouveau. A melhor surpresa, além de conhecer mais sobre a biografia de Klimt e de sua genialidade e loucura foi descobrirmos as obras de Joseph Maria Auchentaller. Ele foi de encontro ao movimento do expressionismo e apostou na popularização da arte, investindo em posters, propagandas e modos meinos nobres de divulgar a arte. Nada como novas descobertas!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cinema Húngaro no Paissandu

Faz dias que queria um santo baixado pra escrever sobre o Cinema Húngaro, fui deixando, até que veio, pois conto agora apenas as estórias tangentes. O Cinema Húngaro, o Tcheco, fazia a nossa cabeça no século passado, oops, em 68-69, No final de 68, 69 descontávamos as pressões da ditacuja, aquela que nem ousávamos dizer o nome, tomando um chopp nas mesas de calçada do Paissandu e cochichando as ultimas dos nossos amigos caídos, daqueles que viram a morte, até mesmo as nem havidas como a do Fiúza, que só muito tempo depois soubemos que se passou por outro, passando a perna na PE, e em nós, que acreditamos piamente que ele e a Margarida haviam sido abotoados, enjaulados, sumidos nas malhas da polícia política, coisas que os húngaros tinham experimentado bem antes de nós, em 56 e sabiam levar ao Cinema. Era o tempo de desconfiar do garçom, da namorada nova do Haroldo, do pai de fulano, do cara parado na esquina fumando uma, até dos amigos que bebuns tocavam a campainha depois das onze da noite. Desassossegos. Mas pelo menos tínhamos o Paissandu pra ir, Cinema de avant garde, não ficava a mais que cinco quadras do ap nosso. Se dava, passávamos antes no Lamas do Largo do Machado, não esse restaurante pseudo intelectual de hoje, um outro, que na frente tinha uma frutaria, banca de fruta e atrás mesas de bilhar onde o Olivar perdia a grana da bolsa do CNPq e chegava mal das pernas em casa. Agente se socava, como bons Paraenses, 4 num quarto, um kit-net, muquifo na verdade, ap de quarto, sala e bem, uma saleta, onde grandes discussões de mudar o mundo aconteciam. Foi ali que fui apresentado, depois de um Dreher, ao Fernando Pessoa, por um outro Fernando que apelidamos de Fernando Doido, inveja creio, porque o cara tinha umas idéias geniais, filósofo como poucos e nem fazia Sociologia nada, era Geologia, acho. Não sei mais, mas lia Pessoa como se fosse banal, se te queres matar, dizia citando o outro Fernando, porque não te queres matar? O que queria isso dizer só me ocorreu quase no fim do século, em 1989...e ele já sabia antes, doido? Mas quando? Dos quatro que ali moravam, não muito longe de onde tinha morado Machado de Assis e portanto algum brilho literário haveria de ter caído sobre nós, ou não, três eram da Geologia UFRJ e eu, da PG do CPPN, Praia Vermelha. Rua Buarque de Macedo, esquina do Asteca, cinemão que a gente nunca ia porque “não era de arte”, só passava filme óbvio. Nós queríamos o indecifrável, o difícil, Goddard, Bergman, os Tchecos, Poloneses, agora todos clássicos, Katyn de Andrzej Wajda e os Húngaros. Estes então, nem o título Szegenylegenyek dava pra entender, um monte de consoantes dirigidas por Miklós Jancsó, 1965. Iamos ver de qquer jeito, assim viria o assunto para falar com os amigos, e as moças, claro. Novelas, nem pensar, e já existiam, as da Rádio Nacional, eram mais famosas. No Paissandu, tudo acontecia, fazíamos acontecer, as distribuições de panfletos, a organização das passeatas, o combinado de ir á Rua Montenegro prum mergulho no sábado, os conchavos, as ampliações e os encontros. Isto feito, o ultimo chopp com Stainheger, na ordem inversa, era virar num tapa e matar com o chope geladinho, o fígado, esse (que bom...) não existia, hoje sim, e me cobra a conta com juros, e não tem acupuntura, massagem, chá de boldo, alcachofra ou silimarina que dê jeito. O Stanheguer era de cachaça destilada, mas cachaça mesmo não estava na moda, o vinho de garrafão (Sangue de Boi?) da Adega da Rua da Passagem no Botafogo, sim, e os copos verdes, descolados, de garrafa que fazíamos cortar na Rua do Lavradio, ou as estantes bicho-grilo de tijolo e madeira.
Se era sexta, ainda dava pra pegar a última sessão de meia-noite, e se dos Húngaros, não dava pra perder. Qualquer dos magiares, Zoltán Fábri, Márta Mészáros, István Szábo caia bem, teríamos assunto... Os filmes a gente até achava que entendia, mas o exagero de acentos e consoantes isso num dava pra entender, Café Expresso virava KaffeeEszpressz, num desperdício de esses...Delta por Mundruczó, numa tradução mais iliterada daria Delta dos Mundurukus? Hoje tudo aquilo virou Clássico, intelectual, Cult, o que pra nós era o simples, o novo, o agora, o estar in. Temos saudades do Cinema Húngaro, mas devíamos perguntar a eles que retrataram a ocupação, a ditadura soviética, se eles têm saudades desse tempo.

OBS: quer mais? consulte a Cinemateca do MAM, Rio (http://www.mamrio.org.br/).

Cinema Húngaro no Paissandu

Faz dias que queria um santo baixado pra escrever sobre o Cinema Húngaro, deixo isso pra quem sabe, pois conto agora apenas as estórias tangentes. O Cinema Húngaro, o Tcheco, fazia a nossa cabeça no século passado, oops, em 68-69, No final de 68, 69 descontávamos as pressões da ditacuja, aquela que nem ousávamos dizer o nome, tomando um chopp nas mesas de calçada do Paissandu e cochichando as ultimas dos nossos amigos caídos, daqueles que viram a morte, até mesmo as nem havidas como a do Fiúza, que só muito tempo depois soubemos que se passou por outro, passando a perna na PE, e em nós, que acreditamos piamente que ele e a Margarida haviam sido abotoados, enjaulados, sumidos nas malhas da polícia política, coisas que os húngaros tinham experimentado bem antes de nós, em 56 e sabiam levar ao Cinema. Era o tempo de desconfiar do garçom, da namorada nova do Haroldo, do pai de fulano, do cara parado na esquina fumando uma, até dos amigos que bebuns tocavam a campainha depois das onze da noite. Desassossegos. Mas pelo menos tínhamos o Paissandu pra ir, Cinema de avant garde, não ficava a mais que cinco quadras do ap nosso. Se dava, passávamos antes no Lamas do Largo do Machado, não esse restaurante pseudo intelectual de hoje, um outro, que na frente tinha uma frutaria, banca de fruta e atrás mesas de bilhar onde o Olivar perdia a grana da bolsa do CNPq e chegava mal das pernas em casa. Agente se socava, como bons Paraenses, 4 num quarto, um kit-net, muquifo na verdade, ap de quarto, sala e bem, uma saleta, onde grandes discussões de mudar o mundo aconteciam. Foi ali que fui apresentado, depois de um Dreher, ao Fernando Pessoa, por um outro Fernando que apelidamos de Fernando Doido, inveja creio, porque o cara tinha umas idéias geniais, filósofo como poucos e nem fazia Sociologia nada, era Geologia, acho. Não sei mais, mas lia Pessoa como se fosse banal, se te queres matar, dizia citando o outro Fernando, porque não te queres matar? O que queria isso dizer só me passou pela cabeça no fim do século...e ele já sabia antes, doido? Mas quando? Dos quatro que ali moravam, não muito longe de onde tinha morado Machado de Assis e portanto algum brilho literário haveria de ter caído sobre nós, ou não, três eram da Geologia UFRJ e eu, da PG do CPPN, Praia Vermelha. Rua Buarque de Macedo, esquina do Asteca, cinemão que a gente nunca ia porque “não era de arte”, só passava filme óbvio. Nós queríamos o indecifrável, o difícil, Goddard, Bergman, os Tchecos, Poloneses, agora todos clássicos, Katyn de Andrzej Wajda e os Húngaros. Estes então, nem o título Szegenylegenyek dava pra entender, um monte de consoantes dirigidas por Miklós Jancsó, 1965. Iamos ver de qquer jeito, assim viria o assunto para falar com os amigos, e as moças, claro. Novelas, nem pensar, e já existiam, as da Rádio Nacional, eram mais famosas. No Paissandu, tudo acontecia, fazíamos acontecer, as distribuições de panfletos, a organização das passeatas, o combinado de ir á Rua Montenegro prum mergulho no sábado, os conchavos, as ampliações e os encontros. Isto feito, o ultimo chopp com Stainheger, na ordem inversa, era virar num tapa e matar com o chope geladinho, o fígado, esse (que bom...) não existia, hoje sim, e me cobra a conta com juros, e não tem acupuntura, massagem, chá de boldo, alcachofra ou silimarina que dê jeito. O Stanheguer era de cachaça destilada, mas cachaça mesmo não estava na moda, o vinho de garrafão (Sangue de Boi?) da Adega da Rua da Passagem no Botafogo, sim, e os copos verdes, descolados, de garrafa que fazíamos cortar na Rua do Lavradio, ou as estantes bicho-grilo de tijolo e madeira.
Se era sexta, ainda dava pra pegar a última sessão de meia-noite, e se dos Húngaros, não dava pra perder. Qualquer dos magiares, Zoltán Fábri, Márta Mészáros, István Szábo caia bem, teríamos assunto... Os filmes a gente até achava que entendia, mas o exagero de acentos e consoantes isso num dava pra entender, Café Expresso virava KaffeeEszpressz, num desperdício de esses...Delta por Mundruczó, numa tradução mais iliterada daria Delta dos Mundurukus? Hoje tudo aquilo virou Clássico, intelectual, Cult, o que pra nós era o simples, o novo, o agora, o estar in. Temos saudades do Cinema Húngaro, mas devíamos perguntar a eles que retrataram a ocupação, a ditadura soviética, se eles têm saudades desse tempo.

OBS: quer mais? consulte a Cinemateca do MAM, Rio (http://www.mamrio.org.br).

sábado, 19 de setembro de 2009

Ir e voltar

O mais difícil foi ir, e tendo ido, voltar. Germana insistiu que devia ir, mas eu não estava com esta certeza, fui sabendo que isso a ajudaria a ir, e foi uma viagem e tanto, ficamos amigos, mais do que já éramos, mais do que esperava. Curtimos juntos as paradas boas e chatas, mas não permitimos que as coisas chatas fossem amplificadas. Estávamos de acordo com praticamente tudo, mesmo que houvessem recuos para nos manter no mesmo patamar, lugares para ir, sitios à visitar sempre de acordo, parece simples, mas pode-se estragar uma viagem qdo um impôe ao outro o que fazer, tipo ter acordar as 5 pra ver o por do sol qdo o outro só quer dormir, bom não passamos por essa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vitrines X-Tudo


Se você acha as vitrines da Rua da Alfandega no Rio, ou aquelas da José Paulino em SP feias, não perca Budapeste, em Peste você muda radicalmente sua opinião. São as mais desengonçadas e desmilinguidas que já vi desde 1956, de morrer de rir...A sensação é de estranhamento, "que que é isso!" Vitrine-X-tudo é nome perto da visão tida e havida, sutiens convivendo com botas de plastico verde e calçolas daquelas que deviam esconder e não mostrar. Tentamos classificar as mais feias sem sucesso, de repente pensei, somos nós os estranhos...a vitrine esta aí desde 1956 quando os soviéticos estavam invadindo a Hungria, apenas esqueceram de fazer o up grade.

domingo, 13 de setembro de 2009

Grosseria de húngaros chamou atenção

Não me considero exatamente uma pessoa super viajada ou experiente, mas posso ao menos dizer que em uma semana como turista em qualquer lugar é possível ter uma percepção sobre o tratamento que recebemos dos nativos. Pois bem, meu companheiro de viagem, meu pai, tem mais experiência como viajante. Tivemos a mesma percepção sobre Budapeste: a cidade é fabulosa, mas fomos mal tratados por algumas vezes durante a semana que lá estivemos. Sem querer aqui rotular os húngaros, que já ouvi relatos sobre sua simpatia, acho importante apontar algumas das situações que vivenciamos para que os futuros turistas estejam melhor preparados para as perspicácias cheias de páprika!

Uma delas toquei no meu último post. Tentando chegar ao charmoso distrito do castelo por meio do turístico funicular. Nada mais turístico, sugerido nos guias, assim como pegar o bondinho para chegar ao Páo de açúcar (tá bom, exagerei!). Pois bem, meu ticket encrespou na máquina e a funcionária pediu que aguardássemos pelo técnico que já viria. Não nos próximos 10 minutos. E funiculi-funiculá, para lá e para cá, e nós lá, parados aguardando.... perguntei novamente e ela disse que mais 2 minutos. Pedi que ela nos deixasse passar, já que sabia que havíamos pagado pelo ingresso e eles resolveriam a questão do bilhete engasgado. Que nada. Veio outro funcionário, o da bilheteria com uma pinça para tentar resolver de maneira claramente já feita anteriormente. Vendo aquilo e sem resolver nosso impasse, pedi meu dinheiro de volta. A mocinha resmungou num húngaro daqueles que você já responde menmtalmente em português "é você!".

Lá foram os Baratas curtir uma grata caminhada morro acima, passando por escadas estreitas e prazerosas. Não foi uma má troca, mas preferia ter ficado sem o aborrecimento. Nossa percepção nos diz que pode ser um resquício de uma história recente comunista com a tradição burocrata que não permite com que um funcionário atue fora de sua área de responsabilidade.

Indo a Budapeste os guias alertam para tomar cuidado com alguns golpes comuns na cidade. Os locais tem a fama de tirarem vantagem sobre os turistas, mais ou menos com o que costuma acontecer em Terra Brasilis. Pois bem, para fugir das taxas de casa de câmbio para trocar os NADA ÚTEIS travellers-checks (voltei com TODOS para o Brasil sem poder usá-los em qualquer restaurante ou hotel que ficamos, incluindo o globalizado Ibis) resolvi tentar o banco húngaro OTP. Pra quê??? Esperamos em fila, como há muito não fazia, e fomos enviados para outro endereço, mais central. Até aí, ok, culpa minha de não ter perguntado assim que entramos sobre "money exchange". Lá se foram 30 minutos....Finalmente na outra agência, fomos indicados que para troca de moeda deveríamos pegar uma senha. Havia umas 3 pessoas na nossa frente. Pois bem, todas foram atendidas, chegaram muitas outras, que também foram atendidas antes de nós e nada de sermos chamados. Levantei (lá vai a chata) e perguntei quando iam nos chamar porque estava demorando etc etc.....Fomos os próximos, eu com o sangue quente já dei o dinheiro para trocar, a funcionária trocou nos olhando com cara de "turistinha metida" deu o recibo e.... quando meu pai conferiu o montante, estava faltando cerca de uns 20 reais. Pelo que me lembro caixas de banco náo erram valores, ainda mais dinheiro vivo. Má fé! Ela corrigiu o valor e fomos embora. Detalhe, a taxa era pior do que a de qualquer casa de câmbio com neon. Resultado, troque nessas últimas.

Parece claro que a cidade se esforça para atender cada vez melhor os turistas, organizando cartões que incluem desconto nas principais atrações turísticas e passe-livre no transporte público por 24, 48 ou 72 horas. O Tal do Budapest card, que pode ser até um pouco mais caro do que se você pagasse tudo individualmente, mas te poupa do estresse de tentar comprar bilhete nas máquinas disponíveis (muitas das quais tentamos estavam quebradas ou funcionando precariamente) em alguns pontos pela cidade. Mas, felizmente, o transporte público funciona perfeitamente bem, te leva a qualquer ponto da cidade sem ter que caminhar ou quebrar a cabeça (as estações de metro são um tanto confusas para que entendessemos a direção do metro, mas nada que errando uma estação você não desça e volte na direção contrária - fato que náo ocorreu uma, mas talvez uma dezena de vezes!! E olha que já andei de metrô sozinha na Coreia do Sul!!!!). Como ia dizendo, esse esforço de deixar o turista mais tranquilo pode ser visto nos taxis que nos são sugeridos desde o aeroporto, guia turístico e no hotel - a companhia se chama Zona Taxi (piada pronta), que se paga de acordo com a zona que você deseja ir na cidade e o valor já é pré-estabelecido, ou seja não tem surpresas, certo? ERRADO! Pegamos um desses, chamado pelo hotel para ir a estação de trem, a duas quadras. O tal do valor eram 1300 florins (cerca de 13 reais). Beleza! Lá chegando o motorista vira, na maior cara de pau e diz que são 1300 por pessoa! Nem vou contar o resto da história, mas depois voltamos ao hotel (porque fomos passar o final de semana em Viena, mas retornamos a Budapeste antes de retornar ao Brasil) e a recepção nos informou que o taxista não poderia ter feito aquilo que 1300 era o preço da corrida e conseguimos denunciá-lo via hotel (o que talvez não tivesse ocorrido se tivéssemos ido embora, como provavelmente imaginou o taxista). Talvez ele pense duas vezes na hora de sacanear outro turista (e sacaneie do mesmo jeito....). Parece familiar não?

Bem, essas foram as 3 situações mais raivosas, mas não raras vezes tivemos problemas com a comunicação de cartões de créditos, que não funcionavam e tivemos que pagar com dinheiro, e outras situações menores que nos deixaram com uma má impressão dos húngaros em Budapeste. Acho que turista merece ser melhor tratada e nem em Paris me senti com o sangue na cabeça, nada que um bom doce húngaro não resfriasse!

Assim, aos candidatos a conhecer a estonteante Budapeste, apenas fique de olhos abertos, conte sempre seu dinheiro, até porque a diferença de dois dígitos nos valores monetários confunde pácas! R$1 = 102 florins

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Imperdível em Budapeste

Difícil definir o que é imperdível em Budapeste. Se a cidade já estiver no roteiro de viagem, já será um ganho. Eu e meu pai usamos o guia Eyewitness Travel Budapest, que custou cerca de R$27.
Foi uma boa escolha, já que não há tantas opções no Brasil, piores ainda em português. Para quem não conhece, o guia divide a cidade por regiões e fica muito mais fácil se localizar e planejar os passeios diários.

Para quem tem apenas um final de semana na cidade, os pontos imperdíveis são, para mim:

- uma caminhada às margens do Danúbio, passando pelas belas pontes Széchenyi lánchid, Erzsébet e Szabadság.
Minha preferida é a segunda, Elizabeth, que vista por Peste (a parte mais central e animada da cidade) parece cortar ao meio o simpático palácio Klotild (acima). Caminhando em direção ao rio, encontre do lado direito a construção mais antiga de Peste que é a igreja Belvárosi Plébániatemplom, do século 14. Cruzando a bela Erzsébet damos de cara com o Géllert (à direita, visto da ponte Elizabeth), belo hotel construído entre 1912 e 1918. Hoje é um hotel de 4 estrelas apenas, comdiárias de 90 euros (o que é bem razoável para a cidade em se tratando de um hotel deste porte). Quem se hospeda tem direito aos banhos húngaros gratuitos que seu spa oferece, mas quem fica de fora (nosso caso) pode usufruir também dos banhos por cerca de R$30 por pessoa. (vale uma postagem futura apenas para contar essa aventura). Na frente do Géllert você encontra ainda a igreja incrustrada na rocha (Sziklakapolna) que está dentro de um belo parque com terreno acidentado (haja força nas pernas para subir os caminhos que levam ao topo), onde se encontra a famosa estátua da liberdade (Szabadsag-szobor) e várias outras remanescentes do período de dominação soviética (abaixo). Sem falar na incrível vista (que paga qualquer falta de fôlego) de Budapeste.
Depois da visita cansativa, vale almoçar no restaurante do Hotel Géllert ou mesmo, bem próximo ao hotel, na mesma Avenida Bartók Béla, num restaurante simples, bem húngaro (pelo menos do ponto de vista de dois turistas) na próxima esquina depois do hotel. Para fechar com chave de ouro, depois do almoço um banho relaxante no Géllert (se bem que minha mãe sempre disse que não é bom nadar de barriga cheia - mas não precisa se exercitar, basta jacarezar nas piscinas frias, com ondas ou quentes). No fim da tarde, um boa café espresso com doces húngaros no mesmo hotel ou, se quiser variar, atravesse a ponte de volta para Peste e entre qualquer dos cafés da Av. (Utca) Kossuth Lajos. O guia sugere o Auguszt Cukrászda no número 14-16, não fomos, mas deve valer. E lá se foi um dia!

- Acho que outro ponto alto, literamente, fica em Buda (parte alta, com relevos, de Budapeste), que é o distrito do Palácio Real. Pode-se enxergar o palácio das margens do Danúbio também (a realeza não perderia esta vista). Pode-se chegar lá caminhando (nossa opção, porque não conseguimos ir de funicular - tipo de bondinho, porque briguei com a funcionária incompetente, o que fica para outra postagem, especialmente dedicada ao comportamento rude de muitos húngaros em Budapeste) ou mesmo de ônibus, que usamos na segunda vez que voltamos ao local (que é lindo). Vale um sorvete de framboesa, marzipan, nozes, damasco (ou qualquer outro sabor delicioso que não costumamos ter no Brasil e que são bem naturais) na chegada, no restaurante em frente à entrada para o palácio. Neste distrito é possível encontrar um centrinho antigo super charmoso, com lojas de souvenir, cafés e restaurantes; visitar as dependências do palácio, ou apenas vê-lo por fora (o que já vale a visita); visitar a enorme e imponente Galeria Nacional Húngara (visitamos apenas a coleção gótica, com altares e estátuas religiosas do final do século 15!! e que valeu). depois de sair dos limites do palácio, vá até a igreja Mátyás, do final do século 19, e logo ao lado o mirante Halászbástya (que foi construído apenas para compor o palácio e não com o propósito de Forte, como parece) (foto acima, vista do Parlamento, cópia do inglês, que fica em Peste).
Em frente ao mirante há a estátua de István, o rei que introduziu o cristianismo na Hungria (ele está por toda a cidade).

- Se você ainda tiver fôlego (se não tiver considere ficar mais um diazinho!), afe, tem ainda uma região que acho imperdívelque é o parque Városliget, depois do centro de Peste (pode-se chegar via metrô ou onibus mesmo). Lá há a praça dos heróis, com estátua dos principais personagens da história da Hungria, além do castelo Vajdahunyad (o Museu de Agricultura está lá localizado, meu pai visitou e diz que valeu a pena), com a simpática, curiosa e misteriosa estátua do escritor Anônimo (aparece no filme Budapeste - baseado no livro homônimo de Chico Buarque), além do super Museu de Belas Artes (abaixo e à esq.) ( o qual tive 1 hora para explorar, enquanto meu pai fazia o mesmo no de Agricultura (abaixo e à dir.).
Há muito mais a ser explorado no Városliget, inclusive mais banho húngaro no Széchenyi, para quem não tiver ido no Géllert.

Imperdível mesmo, como disse, é conhecer Budapeste.

domingo, 6 de setembro de 2009

Uránia Nemzeti Filmszínház


Que era algo relacionado ao cinema, dava pra entender, mas levamos um tempão pra traduzir o postado naquele edifício antigo "Uránia Nemzeti Filmszínház". A gente ria tentando uma tradução literal, "Filmszínház" queria dizer filmezinho ou curta-metragem? Arriscamos Escola de Cinema ou Cine Club, e caiu perto, Cine-Teatro Nacional Urania. O edificio ítalo-mourisco-fin de siècle, está congelado no tempo. Adentramos lentamente, num respeito quase sacro, mas era um cinema "normal", quer dizer tinha guichet, bilheteria, preço da entrada e tudo mais, se fosse à noite perigava encontrar La Garbo nos corredores, mas era lindo, queria ter levado minha Mãe lá, ela ia se sentir nos anos 30.

Cinemas em Budapeste

Mostrar Budapeste por imagens faz mais sentido. Budapeste é cinema. Pra todo lado, tem um ou outro bonito, parece que V. está em 1950, mas é cinema. Em 1930 já haviam 80 cinemas na cidade, era um programa de governo, educativo, toda escola secundária tinha que ter um cinema...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Cafés maravilhosos a preço de uma boa padaria paulista

(Lateral do New York café, foto minha)
Que tal tomar café numa antiga construção do final do século 19, com bancos de veludo vermelho, lustres de cristais, paredes ornamentadas com papéis de parede ou desenhos com retoques de ouro, doces absolutamente saídos das páginas de um legítimo livro de gourmet e se quiser, uma taça de vinho espumante (ou para quem não se importa se sua origem é de Champagne) por módicos R$15? Isso é possível em alguns dos chramosos cafés de Budapeste. Dentre eles o New York Café (Erzsébet körút - uma das avenidas principais de Peste, próximo à estação de metrô e tram Blaha Lujza tér) e o Mirror Café (no hotel Astoria, bem próximo à estação que leva o mesmo nome também em Peste).

 
fotos: ainda é possível ver os nomes em húngaro. Mais fotos minhas.

São tantas as variedades de doces que vale a pena o esforço de degustar dois ou três por dia,como confesso (sem culpa) tê-lo feito (pode-se notar a estravagância até hoje!). Uma das especialidades são os crepes com geleia de frutas vermelhas (groselhas, framboesas, morangos, e outras berries), mas há também os creamcheese, também com geleia de frutas vermelhas, e os de chocolate que não acabam mais: chocolate com marzipan, chocolate com avelã e chocolate com Barack (damasco) ou Szilva (ameixa). HUmmmmmmmmmmm! Mal posso lembrar, já estou com água na boca....

 
Foto: parece espumante pra turista, mas a verdade é que é muito boa e com bom preço. As bolhas são diminutas, como há tempos não experimentava. Pois bem, comprei uma garafinha de 200ml e esqueci de despachar. Coloquei na mochila e o raio-x do aeroporto acusou uma garrafa. Resultado: só dava eusinha ao lado do raio-x virando o "champagne quente". Aquelas que eram bolhas diminutas estavam bem maiores! Lição: não esqueça que não se pode embarcar com mais de 100ml ou mgr (em caso de gel ou cremes) na bagagem de mão.....Aprendi a duras penas tanto na ida como na volta.Essa foto embaçada foi efeito do álcool.

Curioso foi ver que amigos homens se encontrarem nos cafés para bater papo, fumar um cigarro e passar tempo, assim como o fazemos (ou eu costumava fazer...) nos botecos e cervejarias. Os cafés parecem mesmo fazer parte da cultura. e nós, brasileiros maiores produtores de café do mundo ainda penamos para encontrar lugares tão agradáveis (claro, há padarias, os cafés-franchising, e alguns cafés originais bem razoáveis, mas são ainda pouco numerosos).


O intrigante é pensar quem frequentava estes belos cafés durante o comunismo. Eram democraticamente compartilhados ou serviam apenas alguns ligados ao poder? Mas o que é possível afirmar é que hoje não são cafés luxuosos, mas absolutamente acessíveis. Acho que em Paris passaria longe de um café como qualquer um desses que tivemos o prazer em frequentar.

foto: primeiro café de todos, New York Café, dentro do hotel de mesmo nome onde estava parte das equipes de Fórmula 1 que participaram da corrida neste sábado 25 de julho (dia do acidente do Felipe Massa).

domingo, 30 de agosto de 2009

Budapeste: uma bela surpresa!

Já haviam me dito que Budapeste era uma bela cidade, como uma Paris dos anos 50. Mas a oportunidade de participar de um importante congresso de história da ciência me levou a Budapeste que Chico Buarque não conheceu e, por isso mesmo, foi injusto no livro que virou filme (sem querer aqui discutir o porquê dessa escolha).
Como sempre viajo sem criar expectativas, Budapeste aparaceu como uma belíssima cidade turística, sem pretenções de consumo ou de supervalorizar as riquezas de construções históricas que preserva.

A ideia do blog surgiu durante a viagem de 10 dias na companhia do meu pai, que divide a experiência virtual de compartilhar nossas sensações e impressões da apaixonante cidade dividida pelo Danúbio e recheada de cafés sofisticados e - melhor de tudo - baratos. Contribuir assim, quem sabe, para ajudar algum viajante a se decidir a uma visita à Budapeste.

Espero conseguir cumprir com minha expectativa e verificar se temos uma veia blogueira.

Essa foto foi tirada por mim do morro de Gellért, em Buda, no parque da Liberdade. Esta é a estátua da liberdade dos húngaros que pode ser avistada por quem está na margem do Danúbio. Não é imponente, como tudo na cidade, mas é impressionante, como tudo na cidade.